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Contos da tradição oral, com ou sem fadas

  • Foto do escritor: Elissa Khoury
    Elissa Khoury
  • 19 de jul. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 7 de nov. de 2020


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Ler contos da tradição oral, com ou sem fadas, em suas versões originais é aprender a viver.

Esses contos trazem todos os aspectos da personalidade humana em linguagem simbólica, permitindo que o leitor conviva com seus problemas interiores e com a possibilidade de solucioná-los. Transmitem a inevitável luta contra as dificuldades da vida, a superação de obstáculos e a vitória sobre eles quando não nos deixamos intimidar. Ensinam-nos sobre a jornada do crescimento, a necessidade de deixarmos coisas antigas partirem para que novas cheguem. Falam às mentes consciente, pré-consciente e inconsciente, no nível em que estiverem atuantes. Por meio desses contos, o leitor, adulto ou criança, passeia por temas como a morte, o envelhecimento e o desejo de vida eterna com a naturalidade que o reino das histórias possui. O protagonista parte sozinho rumo a um mundo desconhecido e intimidador. Mesmo fragilizado, ainda incapaz de lidar com os perigos que se lhe apresentam, encontra auxílio e oportunidades de se superar. A coragem e a confiança interior se constroem a cada leitura, em várias camadas da consciência.


Como escolher o melhor conto para cada momento de vida? Lendo vários deles e percebendo qual exerce o maior fascínio sobre você ou seu ouvinte. Essa é a dica de Bruno Bettelheim no livro A psicanálise dos contos de fadas quando fala da importância de apresentar essas histórias para as crianças. Só as próprias crianças podem revelar qual conto responderia a suas questões conscientes e inconscientes. Basta observar a reação emocional apresentada no momento da leitura. Quando uma criança pede a leitura da mesma história todos os dias está nos dizendo, à maneira dela, que naquele enredo existe alguma situação que ecoa dentro de si. Ouvir a narrativa, palavra por palavra, especialmente uma dada cena, é a oportunidade que tem de enfrentar e superar por si o incômodo sentido. Ela se fortalece.


A riqueza e a profundidade dessas histórias de um tempo sem tempo, de lugares distantes, povoados de seres maravilhosos, encantados e tenebrosos, transcendem qualquer tipo de análise. Operam em níveis que não precisam ser esmiuçados pelo raciocínio lógico. Eis seu mistério, sua mágica e beleza.


Claro que as camadas de cada conto podem ser esmiuçadas. Por adultos e para adultos, por outro tipo de compreensão ou autoconhecimento. Há vários pesquisadores e livros disponíveis para quem quiser se aventurar nesses maravilhosos caminhos.


Deixemos para as crianças o encantamento. Que o pensamento mágico delas seja sempre estimulado, para que se tornem adultos corajosos e criativos.



Muitas mãos coletaram e coletam histórias de todos os tempos e povos. Tantas outras ajudam-nas a compreendê-las. Minha gratidão a todas elas.


Elissa Khoury


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1 comentário


Marina Minerbo
Marina Minerbo
14 de ago. de 2020

tão verdadeiro seu texto, criança ou adulto cá estamos nos encontrando.

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